Thoreau em Portugal. Resistência civil. Acordo com a natureza

No bicentenário do nascimento Henry David Thoreau (1817-1862), a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) publica a obra Thoreau em Portugal. Resistência civil. Acordo com a natureza, em que se reflete sobre a soberania individual e a vida frugal em comunhão com a natureza e também sobre o desafio às convenções vigentes, quando estas violam os princípios da liberdade para todos e da consciência de cada um.
Em 1845, Thoreau construiu uma cabana à beira do lago Walden e aí permaneceu mais de dois anos, contemplando a natureza e vivendo do cultivo da terra. Dessa experiência surgiu o livro Walden (1854), onde, para além de refletir longamente sobre o conceito de natureza, descreve e advoga uma economia de autossuficiência. Durante este período, Thoreau passou uma noite na prisão por ter sido o primeiro objetor fiscal da história. Acreditando que o imposto sobre o direito de eleitor (poll tax) era uma aberração que ajudava a sustentar a guerra contra o México e a escravatura, Thoreau recusou-se a pagá-lo, vindo a defender, em «Resistance to Civil Government» (1849), a desobediência civil como modo de prevalência da razão das minorias sobre a prepotência das maiorias.
Além do catálogo das obras de e sobre Henry David Thoreau, e inspiradas por ele, parte das quais integraram a mostra com o mesmo nome, a obra inclui também as comunicações do colóquio ocorrido a 26 de abril de 2017 na BNP, organizado pelo Grupo de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL), em parceria com a BNP, no qual se reflete sobre a repercussão da obra de Thoreau no pensamento contemporâneo, designadamente em movimentos e correntes como o pensamento libertário, a ecologia, a objeção de consciência, a resistência não-violenta, a desobediência civil. Com textos da autoria de António Cândido Franco, Isabel Alves, Margarida Vale de Gato, Rute Beirante, Diana V. Almeida, Margarida Ferra e Rúben Neves, abordam-se diversas facetas da vida e obra de Thoreau, desde as traduções e receção da obra de Thoreau em Portugal à sua influência nos artistas portugueses contemporâneos, em áreas tão diversas como a música, o cinema ou a fotografia.